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Foto do escritorJuliano Poeta

Guerreiros do Coração

Atualizado: 4 de fev. de 2020

Um dia tava eu na faculdade, conversando e rindo, quando um amigo falou, “Cara, é o hoje o encontro do Guerreiros, vamos?”.


Eu não sabia o que era esse Guerreiros, mas o Álvaro já tinha feito e gostado, e o Alvão é sinistro. O Mau e o Filipe também pilharam de ir, então deu uns minutos e tava lá nós 3 na parada esperando o bus na parada.


Chegamos numa tal UNIPAZ - Universidade da Paz. Achei aquilo muito engraçado, um lugar para estudar a paz. Entramos e o encontro já estava começando. Não era o primeiro, mas já o terceiro encontro desse grupo, entramos no meio e tudo bem. Vi que todo mundo tirava o tênis antes de entrar na sala e também desligava o celular. Fiz o mesmo, guardei o celular dentro do tênis e entrei.


Devia ter uns 30 homens em círculo, ombro com ombro. Me juntei à roda e logo vieram dois homens me “recepcionar”, um com um chocalho bem pertinho do ouvido e outro com uma vasilha que saía uma fumaceira - vim a descobrir depois que era sálvia queimando. E naquele instante algo mudou. O barulho e a fumaça me fizeram sentir presente. Meus olhos fecharam, os pensamentos pararam, a respiração foi profunda, o coração bateu no ritmo.


Não sei até hoje qual é a mágica que envolve esse ritual, só sei que me faz bem. Naquele dia aprendi a dança circular, um resgate dos costumes dos povos ancestrais. Aprendi também a expandir minha visão de mundo a partir da respiração - o oxigênio é a droga mais poderosa que existe. Ainda tive a experiência de conversar com outros homens, até então desconhecidos, sobre perguntas que sempre me vinham, mas que eu não me sentia confortável para conversar em outros momentos. Um espaço para falar sobre como é ser homem, a pressão de ter que ser o macho alfa, sobre a relação que tenho com meu pai, sobre o que significa, pra mim, ser homem. Que homem sou eu?


Nesse mesmo encontro nós estudamos sobre antigos saberes indígenas, especificamente dos Dakotas, naquela ocasião. Nos encontros seguintes tive a oportunidade de conhecer muito mais sobre diversos povos ancestrais, dos Guaranis aos Celtas. Mas não se engane, que nem tudo se aprende fácil assim.


É no Rito de Passagem, que dura 4 dias, que se tem a oportunidade de encarar nosso verdadeiro Eu. Para simplificar o entendimento, digamos que o Guerreiros é um “curso”, cujo introdução se chama “1º Ciclo”, e é composta de 8 encontros (que acontecem uma vez por mês e duram 1 turno do dia), e ao final dos 8 encontros você realiza o Rito. E como diz o nome, é um momento de Passagem, no qual você, como uma fênix, morre para renascer. O menino dá lugar ao homem. A infantilidade dá lugar à maturidade. A intransigência dá lugar à responsabilidade pelas próprias ações e emoções. A máscara cai, só resta ser quem somos.


Eu sei que é difícil de entender… Uma vez um homem, intrigado com o que seria esse tal Guerreiros perguntou, “Mas me explica melhor, como é exatamente?”, e outro homem falou, “Você já comeu mamão? Sim? Então me diga, como é o gosto do mamão?”. Por mais que se explique, somente quem prova sabe o gosto que tem. Se você conhece homens que buscam ser pessoas melhores, encaminhe este texto e esse link. Se você é mulher, existe um grupo correlato chamado Tendas.


Se você escutar o chamado, vá. É seu coração falando.


HEY!

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