Juliano Poeta

4 de nov de 20191 min

Tempestade

Tinha uma época que eu não gostava de chuva. Sempre escutei os mais velhos falarem "tempo bonito" quando dava Sol e tempo "feio" quando chovia, e me acostumei.

Até que um dia, quando já tinha uns 22 anos e morava com meu amigo Martin, lá na Independência, em Porto Alegre, começou uma tempestade daquelas fortes, anunciada por vendaval, raio e trovão.

Eu corri pra fechar as janelas, mas quando vi tava o Martin encostado numa janela aberta olhando a vista, com um sorrisão e os olhos brilhando. Me falou que sempre curtiu muito tempestade, que era muito massa de ver ela passar.

Me encostei do lado dele, e nesse dia reaprendi a apreciar uma boa tormenta. Me lembrei de quando era criança e tomava banho de chuva rolando na grama na casa dos meus avós em Atlântida, de como era bom sentir a água caindo do céu direto no meu corpo.

Me lembro disso agora, aqui deitado na rede, olhando pro quintal e vendo a tempestade chegar. Os raios e trovões anunciam o espetáculo, e o vento começa devagarinho a soprar as folhas do pingo de ouro. Os passarinhos se recolhem pros seus ninhos, e eu me preparo pra tomar um banho de chuva.

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