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Ela — Capítulo 2

Já tinha 6 meses que ele morava na ilha quando aconteceu.


Foi numa ida e vinda para sua terra natal que se sucedeu o encontro fatal. Era sua pré-comemoração de aniversário, em um sábado, dois Sóis antes do dia em fato em que havia nascido.


Era noite, e o frio de agosto dava uma trégua em plena Era do aquecimento global. O bar estava agradável, e para comemorar a data nosso ainda então empresário pegou um drink da casa com seu amigo Bruno. Ao se virar percorreu com os olhos o salão em menos de 1 piscar, atraído como ímã para uma mesa já parcialmente ocupada por duas meninas, sentadas de frente uma para a outra, com uma cadeira vazia ao lado de cada uma.


Ele automaticamente perguntou já se sentando se poderia sentar ali, fazendo ambas se olharem entre um “talvez” e um “quem sabe”. Nisso Bruno se sentou na outra cadeira vazia, até que Carlos viu seu erro, ao não conseguir parar de olhar para o outro lado da mesa.


Era uma luz forte, que vinha da pele, das ondas, de cada poro do rosto e da roupa daquela menina cor de areia e cabelo de fogo. De um súbito, sem entender como nem quando, Carlos disse:


— Tem uma coisa errada…


Em um gesto tão natural quanto respirar, ele colocou suas mãos inteiras sobre os ombros de Bruno, o levantou sem tempo de reação, e em instantes o girou, trocando de cadeiras.


— Agora sim.


Ela sorriu.


Os modestos protestos que vieram do outro lado da mesa foram ignorados com risadas cheias de graça e intenção. A partir daí a conversa fluiu como as águas do rio, forte e leve, solta. Não durou muito, porém, quando num outro súbito a ruiva se levantou, caminhando decidida em direção ao corredor que levava à pista de dança. Sem olhar para trás provocou: “Vamos dançar?!”- sem dar a entender a quem convidada.


Carlos contou mentalmente até 3 e como raio se levantou, caminhando também sem olhar para trás, com frio na barriga e calor no peito. Logo se encontraram lá dentro, mas foi bem devagar que nasceu o 1º beijo. Foram músicas e músicas de carinho com cuidado, sintonizando as frequências num estado elevado — hormônios a mil, pensamento parado.


Só uma coisa importava: estar ali, mais nada.

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